4º Domingo do Tempo Comum "Minha boca anunciará todos os dias, vossas graças incontáveis, ó Senhor" Salmo 70.

29/01/2013 11:52

 

4º Domingo do Tempo Comum / Ano C

 

"Minha boca anunciará todos os dias, vossas graças incontáveis, ó Senhor" Salmo 70.
 
Domingo, 3 de fevereiro de 2013.
Cor: Verde
 
 
PRIMEIRA LEITURA - Jr 1,4-5.17-19
 
Vv. 4-5 - Conhecimento, consagração e missão - Deus, criador de todas as coisas, aquele que modelou e deu vida ao primeiro homem (Gn 2,7), conhece todas as pessoas antes de sua existência. O v. 5 afirma que Deus conhecia Jeremias antes de seu nascimento, antes mesmo de sua concepção no seio de sua mãe. Interessante é que não apenas o conhecia, mas o consagrou, o reservou, o separou para uma missão especial. É claro que ele vai tomar conhecimento disso mais tarde e isso vai exigir dele uma comunhão íntima com Deus e um conhecimento mais direto de seu pensamento. Qual é a missão? É ser profeta para as nações. A revelação dessa missão acontece agora no tempo do rei Josias, no décimo terceiro ano de seu reinado, por volta do ano 627 a.C. O verbo está no presente. Trata-se aqui da "entronização de suas funções e da notificação de sua missão (cf. vv. 9-10)". Essa missão mergulhará o profeta em muitos conflitos.
 
Vv. 17-19 – Fortalecido, o profeta deve anunciar tudo sem medo. A quem?
 
Aqui o profeta é enviado contra os reis de Judá e seus ministros, ou seja, contra o poder político que está fazendo política suja, corrupta e em próprio benefício. Contra os sacerdotes, ou seja, o poder religioso que está coligado com o poder político para usufruir de maiores privilégios. É enviado também contra os proprietários de terras ou latifundiários que representam o poder econômico, que explorava os pequenos agricultores e até os expulsavam do campo.
 
É claro que estes três poderes perseguirão o profeta, mas ele não deve temê-los (v. 17), pois Deus estará com ele (v. 19). Deus vai fortalecê-lo como uma fortaleza, como uma coluna de ferro, como uma muralha de bronze (v. 18). Contra quem a comunidade exerce hoje sua missão profética?
 
SEGUNDA LEITURA - 1Cor 12,31-13,13
 
O v. 31 é um convite a ambicionar dons superiores; e este caminho mais sublime Paulo vai indicar no capítulo 13, é o caminho do amor-ágape. Por que este convite a ambicionar dons superiores? Por causa da infantilidade dos corintos (cf. v. 11) na busca vergonhosamente competitiva dos carismas extraordinários como o dom das línguas, que nenhum benefício trazia para a comunidade. Estava faltando para os corintos a base de todos os carismas que é o amor ativo e solidário, fundamentado numa fé adulta, amadurecida. Possuir carismas como promoção pessoal e vaidade é contra testemunho, é infantilismo.
 
“O hino ao amor” do capítulo 13 corresponde à segunda parte da parábola do corpo, que falava da solidariedade dos membros na unidade (12,12ss). Sem o amor-ágape é impossível a solidariedade na unidade de um só corpo. 1Cor 13 embora fale do amor de Deus, ou seja, do amor com o qual Deus ama, não fala diretamente do amor a Deus, mas do amor aos irmãos. O hino pode ser dividido em três partes.
 
1. vv. 1-3 – A superioridade do amor – Paulo enumera aqui os dons mais ambiciosos, falar em línguas, profecia, ciência, mesmo a fé, a “caridade”- esmola e até mesmo o sacrifício da própria vida. Se isso tudo for feito por vaidade e orgulho e não por amor-solidário de nada vale.
 
2. vv. 4-7 – As obras do amor-ágape, do amor solidário – O amor não se define de maneira abstrata, mas concreta, pela ação que ele provoca. Paulo apresenta aqui um elenco de 15 expressões para mostrar o que é e o que não é amor solidário. Amor não é sentimento, nem exibicionismo, mas solidariedade com os mais fracos e necessitados. Além disso, tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (v. 7).
 
3. vv. 8-13 – a perenidade do amor – Todos os carismas são passageiros. Tudo passa. Só o amor permanece. Tudo é limitado e imperfeito. Só o amor não tem limites, só o amor é perfeito, coisa de adultos na fé (v. 11). Fé, esperança e amor sim, devem ser levados em conta, pois elas nos introduzem desde agora no domínio das realidades que nunca passarão. Mas, no fundo, até mesmo a fé e a esperança só permanecem neste mundo, portanto são também passageiras.
 
No céu, elas serão substituídas pela visão de Deus face a face (cf. v. 12). No céu, só haverá de permanecer o AMOR, por isso Paulo diz que agora permanecem a fé, a esperança e o amor, mas o amor é o maior. O amor é o nome concreto da fé de quem põe em Deus toda a sua esperança.
 
EVANGELHO - Lc 4,21-30
 
Jesus é rejeitado pelos seus conterrâneos (vv. 22-23)
 
O v. 21 anuncia a realização da Escritura no hoje da vida do povo, que está escutando Jesus. Só vai depender da aceitação. Há num primeiro momento uma predisposição dos ouvintes em escutar Jesus. Eles lhe prestam testemunho e se espantavam com suas palavras, que lhes anunciavam a graça ou o amor benevolente de Deus. Mas, num segundo momento, o povo coloca dois obstáculos à mensagem de Jesus. O primeiro obstáculo é a encarnação de Jesus. A pergunta: “Não é esse o Filho de José?” implica numa rejeição de um Messias simples, comum, conhecido, nascido no meio do povo. O povo esperava um Messias espetacular capaz de ações mágicas e miraculosas. O provérbio: “médico, cura-te a ti mesmo” quer indicar que Jesus não é capaz nem mesmo de libertar seus próprios familiares da opressão e miséria, por isso não serve. O segundo obstáculo é a busca de milagres. Eles querem que Jesus faça milagres em Nazaré como fez em Cafarnaum. Querem o exibicionismo de Jesus, querem um Jesus atuando em seu próprio favor. Mas Jesus se recusa a cair nas tentações de 4,1-12. Por esses dois obstáculos o hoje da salvação não se realiza para o povo de sua terra.
 
A abertura para os pagãos (vv. 24-30)
 
Acontece com Jesus o que aconteceu com os profetas: não é bem acolhido em sua pátria. Rejeitado pelo seu povo, Jesus anuncia sua abertura para os pagãos, contando dois episódios, o primeiro acontecido com o profeta Elias e o segundo, com o profeta Eliseu. Elias, no tempo da fome, apesar de saber que havia muitas viúvas em Israel, vai, sob ação de Deus, socorrer uma viúva estrangeira em Sarepta, na Sidônia (cf. 1Rs 17). Eliseu, por sua vez, apesar de saber que havia muitos leprosos em Israel, purifica o sírio Naaman (cf. 2Rs 5). O que Jesus quer dizer? Ele quer dizer que quando o povo rejeita os profetas de Deus, Deus aproveita para mostrar seu amor aos que estão fora de Israel. Interessante é que os de fora acolhem o Deus dos profetas e sua mensagem. Sua fé é até mesmo maior do que a do povo escolhido. Assim Lucas apresenta a mensagem universal de Jesus aberta a todos os povos.
 
A reação do povo de Nazaré (vv. 28-30)
 
Eles entendem o que Jesus queria dizer e enchem-se de cólera, expulsam Jesus da cidade e querem precipitá-lo morro abaixo. Esse gesto é uma prefiguração do assassinato do profeta de Nazaré por parte de Israel. O v. 30 sem forçar a presença de um milagre quer indicar que o itinerário de Jesus para Jerusalém, onde morrem os profetas, começa aqui (cf. v. 9,51). Por isso Jesus passa no meio deles e segue seu caminho.
 
Como nós cristãos estamos acolhendo hoje a mensagem de Jesus?
 
Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo Diocesano de Caratinga

 


Da redação do Portal Ecclesia.
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